A desnutrição em idosos é considerada uma grave complicação para doenças e está associada a maiores riscos de mortalidade, internações hospitalares mais longas, readmissões frequentes e menor qualidade de vida. É uma condição que pode influenciar a aptidão física, que vai além da composição corporal e função muscular, dificultando até atividades diárias, como comer, por exemplo.
Os idosos estão entre os grupos de alto risco para desnutrição por, pelo menos, duas razões. Primeiro, eles podem ter uma diminuição no consumo de alimentos devido à “anorexia do envelhecimento”, ou seja, uma perda fisiológica de apetite ou sinais de impacto nutricional causados por doença ou tratamento médico. E segundo, os idosos são mais propensos aos primeiros sintomas de doenças crônicas que podem ativar a inflamação e, conseqüentemente, resultar em perda de massa muscular. Portanto, é de se esperar que esta população, que sofre de perda de apetite e de peso, tenha um risco aumentado de deficiência de nutrientes.
Os produtos lácteos podem contribuir para satisfazer as deficiências de macro e micronutrientes nas dietas de idosos. Vários de seus componentes provaram aumentar a manutenção das massas óssea e muscular. Estudos indicam uma associação inversa significativa entre a ingestão de lácteos e os marcadores de turnover ósseo e uma relação positiva com o conteúdo mineral ósseo. A evidência qualitativa também está disponível para o papel da vitamina D e o consumo de lácteos na promoção máxima da saúde óssea, desde a infância até o final da adolescência. Níveis suficientes de vitamina D no sangue são importantes para a saúde esquelética, estimulam a expressão gênica por envolvimento no desenvolvimento, diferenciação e crescimento celular, além de promover síntese protéica muscular e melhorar a força e o equilíbrio.
A proteína do leite consiste em soro com uma quantidade elevada de leucina. Este aminoácido foi sugerido como responsável pela capacidade de estimular o anabolismo das proteínas musculares, quando combinado com a atividade física. De acordo com o índice de aminoácidos indispensáveis da Food and Agricultural Organization, as proteínas lácteas se classificam entre as de maior qualidade, embora a presença de leucina ainda não tenha sido levada em consideração nesta pontuação.
Um artigo de revisão sistemática e metanálise da Hanze University of Applied Sciences, em Groninga, Holanda, avaliou a eficácia dos lácteos sobre o estado nutricional e a aptidão física em adultos com mais de 55 anos. Em conjunto, 36 ensaios incluíram um número total de 4.947 participantes, escolhidos de forma aleatória, que variaram de 18 a 1.471, por ensaio, em vários países.
Com base na metanálise, concluiu-se que a suplementação de proteína aumenta o peso corporal. Este efeito foi maior após a seleção de ensaios com duração de estudo de seis meses e quando os participantes estavam em risco de desnutrição ou desnutridos; eram pacientes acamados; ou tinham mais de 70 anos. Além disso, a metanálise mostrou que a vitamina D pode melhorar o desempenho físico conforme avaliado por testes funcionais (como o timed up-and-go) em idosos.
Fonte: Priya Dewansingh, Alida Melse-Boonstra, Wim P. Krijnen, Cees P. van der Schans, Harriët Jager-Wittenaar, Ellen G.H.M. van den Heuvel. Supplemental protein from dairy products increases body weight and vitamin D improves physical performance in older adults: a systematic review and meta-analysis.