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Mas, afinal, por que o leite é a melhor opção para o meu filho?

Por Flávia Fontes

Em função de algumas manifestações recebidas após a publicação do meu último artigo (Em defesa do leitinho das crianças – leite ou compostos lácteos), resolvi escrever este texto. O objetivo agora é fazer uma comparação entre a composição do leite e a dos principais compostos lácteos disponíveis no mercado brasileiro.

Antes de mais nada, preciso dizer, novamente, que não sou médica e, por isso, não discutirei recomendações feitas por pediatras para crianças com diagnóstico médico comprovado de intolerância à lactose ou alergia às proteínas do leite de vaca (APLV). Mas vale lembrar que muitos diagnósticos desses problemas têm sido feitos de forma equivocada, sem exames laboratoriais. É importante dizer também que ambos os quadros podem ser transitórios, permitindo que a criança volte a consumir lácteos normalmente. Além disso, já existem no mercado lácteos sem lactose e a própria enzima lactase, na forma de comprimidos, para consumo por pessoas com intolerância.

Criando hábitos saudáveis de consumo

Faço aqui um convite para todas as mães que estão fornecendo compostos lácteos para seus filhos – peguem uma colher de sobremesa e experimentem o produto.  Tenho certeza absoluta de que a grande maioria vai adorar o sabor. Sabem por quê? Porque, em geral, esses compostos possuem palatabilizantes em sua composição, que tornam seu sabor irresistível para as crianças (e até para nós, adultos).

Mas qual é o problema de fornecer um produto saboroso para o meu filho, mesmo que tenha um pouco de palatabilizante ou açúcar? A resposta é: nenhum, desde que isso não se torne um hábito. Não vejo nenhum problema em deixar meu filho tomar sorvete nos finais de semana ou comer balas e chocolates de vez em quando. Mas, jamais deixaria que ele substituísse uma refeição por uma guloseima, primeiro pela questão nutricional óbvia e, segundo, para que ele não criasse o hábito de consumir um alimento excessivamente doce e saboroso nos horários das refeições. Esse raciocínio serve igualmente para o consumo de compostos lácteos. A criança que consome esses produtos, muito dificilmente se habituará a tomar leite puro no futuro. Ela exigirá o mesmo padrão de sabor, fazendo com que a mãe misture açúcar ou achocolatados ao leite. E essa é a primeira justificativa que apresento para que seja fornecido leite integral puro para as crianças a partir de 1 ano de idade.

Ver para crer – o leite é muito melhor que os compostos lácteos!

Falando agora de valores nutricionais, a tabela a seguir apresenta uma comparação entre o leite integral de vaca, e o Ninho + 1 e Enfagrow, que são os compostos lácteos mais utilizados para alimentação de crianças a partir de 1 ano de idade.

O leite de vaca possui teores mais elevados dos principais nutrientes essenciais para o desenvolvimento normal das crianças, especialmente as proteínas, a gordura e os ácidos graxos essenciais (ômega 3 e ômega 6).

Outra informação muito importante em relação ao leite de vaca é que, como ele é sintetizado por um organismo vivo (a vaca), a relação entre seus nutrientes é perfeita, o que é muito importante quando avaliamos, por exemplo, o perfil de aminoácidos presentes nas proteínas lácteas. As proteínas de origem láctea têm um balanceamento perfeito de seus aminoácidos, o que faz com que os mesmos sejam absorvidos de forma mais eficiente para a constituição das proteínas corporais, essenciais para o crescimento e outras funções importantes do corpo.

Algumas vitaminas como A, D, E e C, que estão presentes em menores níveis no leite de vaca, são facilmente supridas na alimentação normal de uma criança com mais de 1 ano, pois ela já consome uma vasta gama de alimentos, bem como nos suplementos prescritos normalmente pelos pediatras.

Bom e barato

Não bastasse a qualidade nutricional, superior à dos compostos lácteos mais utilizados atualmente, o leite de vaca é a opção mais barata.  

Tomando como exemplo uma criança que consome 750mL de leite por dia, a diferença de custo entre o Enfagrow e o leite integral é de R$3,58/dia ou, pasmem, R$1.308,50 por ano!!! Ou seja, além de fornecer um alimento de qualidade superior você ainda estará economizando R$1.308,50 por ano. Com relação ao Ninho +1, a diferença é de R$585,50 ao ano. Precisa falar mais???

Flávia Fontes é médica veterinária, D.Sc. Nutrição Animal, editora-chefe da Revista Leite Integral e do Movimento #bebamaisleite e diretora científica da ABRALEITE

 

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