O consumo de produtos lácteos, como leite e queijo, pode reduzir o risco de doenças cardíacas e derrames, segundo um estudo recente.
Márcia Otto, principal autora da pesquisa e professora assistente de epidemiologia, genética humana e ciências ambientais na UTHealth School of Public Health, disse em um comunicado: “Nossas descobertas não apenas apoiam, mas também fortalecem significativamente, o crescente número de evidências sugerindo que a gordura láctea, ao contrário da crença popular, não aumenta o risco de doença cardíaca ou mortalidade geral em adultos mais velhos.”
Descobriu-se que um ácido graxo presente nos lácteos reduz potencialmente o risco de morte por doenças cardiovasculares, particularmente derrame, disse ela.
As descobertas surgem na medida em que se espera uma queda nas vendas de leite nos EUA em 11% entre 2015 e 2020, segundo a previsora de tendências Mintel. Ao mesmo tempo, as alternativas ao leite, como soja e amêndoa, cresceram em popularidade, com um aumento de vendas de mais de 61% nos últimos cinco anos.
“Os consumidores foram expostos a tantas informações diferentes e conflitantes sobre dieta, particularmente em relação às gorduras”, disse Otto. “Por isso, é importante ter estudos robustos, para que as pessoas possam fazer escolhas mais equilibradas e informadas, baseadas em fatos científicos e não em boatos”.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores avaliaram 3.000 adultos com 65 anos ou mais. No início do estudo, em 1992, os níveis de três ácidos graxos diferentes encontrados em produtos lácteos foram medidos no sangue e, novamente, seis e 13 anos depois.
A equipe descobriu que nenhum dos ácidos graxos foi ligado a um risco maior de morte. E um deles estava ligado a um risco menor de óbito por doença cardiovascular. Além disso, as pessoas com níveis mais altos de ácidos graxos, em decorrência do consumo de lácteos, tiveram um risco 42% menor de morrer de derrame cerebral.
Otto argumentou que a atual orientação alimentar em relação aos produtos lácteos integrais deve ser repensada, já que muitos são uma rica fonte de nutrientes, como cálcio e potássio.
“Estes são essenciais para a saúde, não só durante a infância, mas ao longo da vida, particularmente também na terceira idade, quando a desnutrição e condições como a osteoporose são mais comuns”, disse ela.
A pesquisa publicada no American Journal of Clinical Nutrition foi financiada pelo National Institutes of Health.
O estudo contrasta com as mais recentes Diretrizes Alimentares para Americanos (Dietary Guidelines for Americans), que recomenda o consumo de produtos lácteos desnatados ou com baixo teor de gordura, como leite, queijo e iogurte.
Derrubar mitos sobre alimentos que causam problemas cardiovasculares é particularmente importante, considerando que a doença cardíaca é a principal causa de morte nos EUA, tomando a vida de 610.000 pessoas a cada ano. O derrame é a quinta maior causa de mortes, com 795.000 pessoas nos EUA atingidas a cada ano.
Uma pesquisa de 2017 publicada no European Journal of Epidemiology envolveu uma meta-análise de 29 estudos e também descobriu que consumir laticínios integrais não parece aumentar o risco de ataque cardíaco ou derrame.
Fonte: Newsweek