O magnésio é um dos minerais mais abundantes no corpo humano e desempenha um papel fundamental em muitas das funções fisiológicas do organismo. Apesar da sua disponibilidade em uma ampla variedade de alimentos, o magnésio é frequentemente relatado como sendo consumido em níveis inadequados.
Uma nova revisão feita por H. Eustina Oh e Hilton C. Deeth sugere que “o magnésio no leite e nos produtos lácteos é um dos principais contribuintes do mineral na dieta e merece mais atenção dos pesquisadores”.
O magnésio no leite tem sido relativamente negligenciado em comparação com o cálcio, talvez porque está presente no leite de vaca em cerca de 10% da concentração de Ca. Oh e Deeth sugerem que “até recentemente, ele poderia ser chamado de mineral esquecido”. No entanto, um número cada vez maior de estudos tem mostrado que o magnésio é extremamente importante para o funcionamento do corpo.
O magnésio está envolvido na síntese de proteínas e de ácidos nucléicos, no crescimento ósseo, no metabolismo energético, na regulação da pressão sanguínea e na ativação de centenas de enzimas. A ingestão de magnésio pode ajudar a reduzir o risco de diabetes tipo 2, bem como reduzir a taxa de ataques cardíacos e derrames.
O baixo consumo de magnésio tem sido implicado em uma série de problemas de saúde, incluindo síndrome metabólica, perda de massa óssea, declínio da função renal e depressão. A ingestão reduzida do mineral na dieta também está associada à pressão arterial elevada e a um maior risco de AVC, enquanto a suplementação com magnésio tem sido relatada como menor pressão sanguínea em adultos.
O magnésio também interage com muitos outros minerais e nutrientes. Ele influencia, por exemplo, os níveis de cálcio extracelular e suas ações intracelulares. Também desempenha um papel crucial na imunorregulação e na mineralização óssea, influenciando a síntese dos metabólitos ativos da vitamina D.
As interações do magnésio com a vitamina D são um exemplo particularmente importante do papel crucial que este mineral desempenha no funcionamento do organismo. Uma revisão recente por Anne Marie Uwitonze e Mohammed S. Razzaque indica que o magnésio ajuda na ativação e na função da vitamina D. Esta precisa ser convertida de sua forma inativa antes de exercer suas funções biológicas, e esse processo é ativamente dependente da biodisponibilidade do magnésio. Os autores concluem que é “essencial assegurar que a quantidade recomendada de magnésio seja consumida para obter os benefícios ótimos da vitamina D”.
A vitamina D e o magnésio interagem para manter as funções fisiológicas de vários órgãos, e níveis anormais de qualquer um dos nutrientes podem levar a disfunções graves estando associados a vários distúrbios, como deformidades esqueléticas, doenças cardiovasculares e síndrome metabólica.
A alta prevalência de deficiência de vitamina D é uma preocupação de saúde muito importante no mundo e o alto consumo de magnésio reduz os riscos dessa deficiência na população. “Presume-se que a deficiência de vitamina D seja generalizada, e consumir altas doses de suplemento por um período prolongado tem efeitos colaterais indesejáveis, então, a questão é como podemos reduzir nossa dependência dos suplementos de vitamina D e os efeitos prejudiciais associados a eles” diz o professor Mohammed Razzaque, do Lake Erie College of Osteopathic Medicine. “Acredito que, ingerindo a quantidade ideal de magnésio, pode-se reduzir a dependência dos suplementos de vitamina D”, diz ele. “Sem a faixa ótima de magnésio, a vitamina D endógena não funcionaria em todo o seu potencial e, portanto, nenhuma quantidade de suplemento de vitamina D reduziria as complicações relacionadas à sua deficiência”, diz Razzaque.
Razzaque espera por mais pesquisas sobre as interações entre a vitamina D e o magnésio no futuro. “Precisamos de estudos clínicos bem planejados para mostrar que ao consumir uma quantidade adequada de magnésio, pode-se reduzir a morbidade e a mortalidade relacionadas à deficiência de vitamina D, possivelmente sem tomar suplementos ou tomando uma dose menor”, diz ele.
Apesar dos papéis fisiológicos cruciais desempenhados pelo magnésio, mais da metade da população dos EUA pode estar consumindo quantidades inadequadas desse mineral. O magnésio está amplamente presente em alimentos de origem animal e vegetal, mas a dieta padrão dos Estados Unidos contém cerca de metade da dose diária recomendada desse mineral.
Dadas as várias funções fisiológicas do magnésio, suas interações com outros nutrientes, como cálcio e vitamina D, e sua importância geral para a saúde humana, é necessário garantir que ele seja consumido em quantidades adequadas. A importância do magnésio na dieta e seu consumo inadequado pela maioria da população levaram a um aumento do interesse em encontrar fontes alimentares de magnésio e em enriquecer esses alimentos.
O leite e os produtos lácteos já são uma das principais fontes alimentares de magnésio, particularmente para crianças, contribuindo com cerca de 10% a 30% da ingestão total do mineral. Alguns estudos mostraram que a lactose em produtos lácteos pode ajudar na absorção intestinal de magnésio em crianças e em ratos.
O leite também pode ser enriquecido com magnésio, e a versão comercial UHT fortificada já está disponível. Um estudo recente descobriu um benefício adicional de enriquecer o leite com o mineral – ele pode ajudar a reduzir a contaminação bacteriana e a deterioração, e aumentar a biodisponibilidade intestinal do magnésio do leite.
Oh e Deeth sugerem que o leite e os produtos lácteos poderiam se desenvolver para um meio mais eficiente de fornecer maiores níveis de magnésio na dieta. Isso pode ocorrer na forma de lácteos enriquecidos com magnésio, que poderiam ajudar a superar as deficiências do mineral relatadas e também ajudar a prevenir a deficiência de vitamina D.
Por Sandeep Ravindran
Fonte: SPLASH! ® milk science update: abril de 2018